A exatamente dois anos perdemos o Mestre Hélio Gracie (01/10/1913- 29/01/09).
É desnecessário transcrever matérias sobre esse grande mestre, pois acabaria falando sobre coisas e mais coisas que facilmente se encontra em sites de busca. Quero escrever sobre o que hoje acho a respeito desse grande Homem:
Quando eu nem sabia o que era o Jiu-jitsu vi uma matéria (sei lá onde!) sobre esse homem franzino e de aparencia frágil. Na época, infelizmente, em minha cidade estava acontecendo muitas brigas de gangues que utilizavam como bandeira o Jiu-jitsu. A minha repulsa a respeito dessa arte era grande. Descartei a matéria como um lixo. Pensei que estaria perdendo meu precioso tempo com alguém que fazia da pancadaria seu ganha-pão. Eram inúmeros noticiários de pessoas falando mal dessa arte e das pessoas que praticavam. Sem falar na péssima aparencia das pessoas que diziam ser praticantes.
Na época, década de 90, acho, existiam poucas academias (ou quase duas) aqui em Natal e, mais uma dúzia de "doentes" que iam para as festas com camisetas de jiu-jitsu arrumar briga. Sem contar nos que passeavam com um pitbull de lado ameaçando qualquer um e era até dificil distinguir quem era o cachorro. Bem, o tempo passou e a "febre" acabou, muitos deixaram de lado, até mesmo por terem sido expulsos da academia ou presos. Aff!
Mulher praticando? Sinceramente, na época era mais discriminada que hoje. Se não fosse chamada de Sapatão, era Maria Tatame e estava indo só atras de macho na academia.
Com o passar dos anos as coisas foram esfriando. Como no mundo da moda as coisas vem e vão existe também no esporte algo parecido. Alguns esportes ficam mais em evidencia e depois são meio que esquecidos. As duas unicas academias pararam de brigar? Talvez. Mas parece que os marginais mudaram de esporte e as brigas eram em relação ao futebol. Não sei se estou certa disso, mas essa foi minha impressão. De repente começou uma verdadeira guerra de vermelho-branco contra preto-branco. Minha gente, me envergonho dessas coisas por isso nem cito nomes.
Mas hoje em dia aqui em Natal é mais fácil uma mãe dormir em paz sabendo que seu filho foi treinar jiu-jitsu do que saber que ele foi assistir um jogo de futebol. Pasmem! O futebol é algo que chama vagabundo, marginal, das piores espécies e qualidades para torcidas. Infelizmente.
Depois da fase ruim e do "esquecimento" do jiu-jitsu aqui em Natal, encontrava-me a procura de um esporte. Eu, mulher, baixinha, resistência zero, míope que não gosta de lentes, etc....nossa meio que difícil encontrar. Imagina! Pensei. Queria algo que não precisasse fazer muita força, mas que pudesse derrotar alguém mais forte. Queria algo que pudesse me tirar de algum apuro usando defesa pessoal. Algo que não pudesse me quebrar os dentes....affff.....mas eu não queria algo que o adversário ficasse muito longe de mim pois se não teria que usar lentes para enxerga-lo. Algo que me fizesse ter disciplina e que de preferencia me fizesse enrrigecer algumas partes estratégicas do corpo (hehehe). Caramba! Tudo isso? Pois é, daí fui filtrando num site de busca. Até que cheguei no jiu-jitsu. AFFF....Jiu-jitsu?!!!
Gente, só posso estar maluca! Pensei. Como uma coisa tão violenta pode ser chamada de arte suave? Só se for a arte suave em quebrar ossos! Trocadilhos a parte, me deparei com a solução dos meus problemas.
Pesquisei algumas academias, sim algumas. Como o bem prevalece sobre o mal, alguns dos praticantes daquela época se graduaram, se filiaram a outras academias. Abriram novos locais, dignos de serem chamados de academia.
Diante da descoberta dessa arte comecei a devorar tudo que falava sobre a história e os competidores mais conhecidos da atualidade. O fascínio foi inevitável. Foi um mergulho sem volta, que parece que não tem fim de tanto conhecimento nesse mar de coisas que essa arte oferece.
Conheci a história desse homem incrível que foi o Hélio Gracie. Acho que poucas pessoas buscam o conhecimento sobre o que ele representa para o Jiu-jitsu. A sua história deve ser um exemplo de determinação e coragem. Ele focalizou, acreditou e realizou essa arte que deve ser conhecida por todo o mundo.
O trabalho dos professores de jiu-jitsu aqui em Natal tem sido ainda muito árduo para lidar com o preconceito que parte da ignorancia de muitos que não conhcecem a arte suave. Mas nessa caminhada tem surgido muitos praticantes que encontram no jiu-jitsu uma oportunidade de vencer as suas dificuldades e crescer como pessoa. A procura pela arte hoje é mais para autodefesa e não para outros fins. A mídia influenciou muito na forma de divulgação dos praticantes. Hoje sabemos que o jiu-jitsu é visto como um produto de exportação rentável para alguns países. Inumeros praticantes são convidados para ensinar fora do Brasil. e por que não dizer que esse esporte se tornou elitizado?
Só quero deixar pra quem não conhece essa arte, que vale a pena perder alguns minutos do seu dia para ler sobre Hélio Gracie e o Jiu-jitsu. Não importa a sua opinião a respeito, mas leia nem que seja por mera curiosidade.
Mensagens deixadas por Hélio Gracie:
"O Jiu-Jitsu que criei foi para dar chance aos mais fracos enfrentarem os mais pesados e fortes. E fez tanto sucesso, que resolveram fazer um Jiu-Jitsu de competição. Gostaria de deixar claro que sou a favor da prática esportiva e da preparação técnica de qualquer atleta, seja qual for sua especialidade". (Entrevista para a Fightingnews.)
"O objetivo do Jiu-Jitsu é, principalmente, benificiar os mais fracos, que não tendo dotes físicos são inferiorizados. O meu Jiu-Jitsu é uma arte de autodefesa que não aceita certos regulamentos e tempo determinado. Essas são as razões pelas quais não posso, com minha presença, apoiar espetáculos, cujo efeito retrata um anti Jiu-Jitsu". (Fightingnews).
"Tudo o que eu aprendi na vida eu aprendi observando. Por isso eu não dou aula para ninguém com alguém assistindo, porque eu acredito mais em que vê do que em quem az. De maneira que, confiando nisso, eu passei a fazer a coisa com perfeição. E fui descobrindo as alavancas que todos nós temos. A necessidade que fez isso. Quer dizer, eu não fiz por inteligência e nem genialidade. Os japoneses acham que sou um gênio. Mas não sou nada, sou até burro em certas horas". (Entevista para a revista Faixa Preta em agosto de 2006).
"No posso me furtar a aceitar toda essa chateação (bajulação da imprensa) senão viro besta, fico antipático, presunçoso e vaidoso". (Revista Faixa Preta)
"Todos querem o melhor e o jiu-jitsu dá isso ao mundo. O jiu-jitsu não demanda de seus alunos força física e é bem simples quando bem guiado". (Fightingnews).
"Todos querem uma derrota dos Gracies. Essa é a parte desagradável do jiu-jitsu, devido à sua clara superioridade técnica. Nós deixamos todo mundo numa saia-justa". (Fightingnews).
"Quando você tem mais confiança em si mesmo, você é automaticamente mais tolerante. Você tem condição de meditar de se pôr no seu devido lugar sem precisar lutar, e isso assusta os valentões". (Fightingnews).
"Eu não inventei o jiu-jítsu, apenas o adaptei para mim, criando alavancas que me deram condição de fazer os movimentos necessários sem precisar usar muita força ou habilidade para superar lutadores maiores e mais fortes do que eu". (Fightingnews).
"(Jiu-jitsu) é a luta do fraco, onde o fraco tem condições de vencer o mais forte usando o mínimo de força necessária". (Fightingnews).
Alguns vídeos do mestre Hélio no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=SjJwnrKWSTc&feature=related
Hélio Gracie fala sobre Jiu-Jítsu:
http://www.youtube.com/watch?v=SsmWUQ5SRco&feature=related
Hélio Gracie fala sobre o início do Jiu-Jítsu e do Vale tudo:
http://www.youtube.com/watch?v=BG309oqVLb4http://
Hélio Gracie VS Kato:
http://www.youtube.com/watch?v=HMAu0A-vQm8&feature=related
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